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DADOS BIOGRÁFICOS DE ANTONIO TAUMATURGO DESIDÉRIO.

Era o dia 04 de junho de 1960 quando Antonio Taumaturgo Desidério(In memoriam) nasceu, ventilado pela brisa da Chapada do Araripe, balançando os pendões da cana, o mundo ganhava o poeta. Era Festa de Santo Antonio. Felizes estavam Dona Maria de Jesus, sua mãe, e o seu pai, Chico Desidério, músico dos bons. Conta Rolinha, o sambista, que a cana truou em ao meio ao samba na casa do Velho Chico, no dia do batizado da poetinha.

Foi com essa energia que aprendeu a fazer as primeiras letras no Círculo Operário de Barbalha e concluiu em 1984, no Centro Educacional Lyrio Callou, o Curso Técnico Contábil. Ao contrário de alguns “abastados” que se acham gestores cultu-rais da cidade, Taumaturgo não tinha alergia a pa-pel, nem a caneta. Escrevia pra valer. Com a colher de pedreiro edificava construções e com a caneta e o papel edificava seus versos.

“Amo a vida crendo em Jesus Cristo

Não há na vida um melhor conforto

Vivo feliz no meu viver benquisto

Serei feliz até depois de morto.”

O menino cresceu com o dom da inspiração e do humor. Diziam que só se metia a declamar de improviso quando estava de “veneta”. De uma forma ou de outra, em festas e eventos arrancava aplausos e o reconhecimento de quem ouvia suas rimas.

Nas manhãs de domingo, acordava cedo pra prosear no bar de Macêdo, a oca etílica da ubre dos Cariris. Nessas andanças, passava algumas das suas poesias para o radialista Josélio, filho de Sudaro e outras para o professor, neto de Ana Desidério, sua tia. O poeta sonhava e confiava aos dois a publicação do seu livro.

“Foi aí que nóis dois pegamo o “baicero de puisia”, butamo em riba do lombo da ousadia e remetemo pra o caba do Ditirambo. Daí, oi no que deu! O livro de poesia de Taumaturgo! Wilson Vieira, o blek, deu forma ao sonho lúdico do Poeta. Um sonho vivo! Como para nós, continua vivo o poeta. Olhe o livro dele aí, presente nas ruas, nas praças, nos bares, nos lares, nas universidades, nas liras e em todo lugar. Quem gosta de coisa boa se a chegue!”

Nascimento – 04 de junho de 1960

Falecimento – 05 de outubro de 2002.

Barbalha, abril de 2005.

Josélio Araujo & Josier Ferreira.

Este resumo biográfico faz parte do livro “Luz do Chão”.

Homenagem

Este quadro está exposto na casa dos seu grande Amigo e poeta Zé Joel.

O CURADOR DA MATA DOS LELÉ.

Esta poesia era uma das mais narradas por ele.

Antonio Taumaturgo Desidério.

Minha gente pegue agora

Lape e taco de papé

A acente bem deretim

Tudo aquilo q’eu dixé

Vou dizer Cuma se faz

Uma meizinha boa de mais

Pra curá o que quizé.

Já pegó? Então se acente

Oi, pega fôia de mamão

Quebra-peda, vacidêra

Maiva-do-reino, hortelã

Miôlo de bananeira

Duas fôia de manguêra

De momona e de pinhão,

Pegá a casca de inharé

De carrasco e de juá

De cajuêro, de angico

De imburana, jatobá

De cedro, de catingueira

Uma raiz de quichabeira

E um maxixe do pará,

Eiva-dôce, cabacinha

Alicrim, ôio de cana

Capim-santo, contra-eiva

Macela, carmelitana

Maiva-branca, quina-quina

Fôia de crote, risina

E fôia de cajarana….

Butá tudo num pilão

Junta com batata assada

Mais mei lito de aguardente

Rapadura açucarada

Fruitinha de canapú

Três castanha de caju

E cubri tudo de borduada.

Deixa dez dia de môio

Dibaxo de chuva e só

E adispois pra interá

Butá três cuié de pó

De canela e ói de riso

Taí tudo que é preciso

Pra meizinha mais mió.

Ela cura bem curado!

Cura barriga inflamada

A infeliz conjuntivite

A cabeça atrapaiada

Figo inchado, óio rôcho

Vista curta, coipo côcho

Desgosto e perna quebrada

A dor de dente, de ôvido

Gripe forte, coipo mole

Prumão ruim, cura perna

Que faz tempo que num bole

Murdida de caninana

E gente que faz sumana

Que cumida num ingole.

Pra beber ela é bem faço:

Bem no pingo da mei dia

Beba logo chicra e mêa!

A bicha é uma maravilha!

Rrepia a dose sete vêz

Que em meno de sete mês

Nem se alembra o que sintia.

Sô o curador da mata

Lá da mata dos lelé

Vô curá qualquer cristão

Seja lá donde vié

Já curei foi muita gente!

Biliscada de serpente

E rindade de muié.

Esta poesia esta publicada no livro “Barbalha Cômica” de Zé Joel.

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