Início Personalidades Barbalhense Personagem: Zé da Onça. Personagem: Zé da Onça. Por Reginaldo Landim Reginaldo - 19 de novembro, 2020 Zé da Onça. Zé não era nenhum cabra de Lampião, sanfoneiro valentão, ou coisa assim. Era um homão do tamanho de uma porta, mas com um cérebro de um menino de doze anos, e apesar do tamanho, era incapaz de fazer mal a uma lagartixa. Valente mesmo, só na frente de um prato de comida. Aí, meu filho, sai de perto. Você pode até dizer que é mentira, mas uma vez ele comeu umas cinquenta bananas. E dizem que ele já tinha comido quarenta pães aguado. Cisso tapioca, era muito mais franzino e ganhou esse apelido porque comeu trinta e duas ditas cujas, contadinhas, na banca de Novinha. Zé da Onça, coitado, tinha que se virar para saciar sua fome de jumento. A família era quem ajudava um pouco, mas era sempre insuficiente, e ele não tinha qualquer profissão. Deste modo ele saia pelos cafés e restaurantes, tentando descolar um “sortido” , uma merenda, uma sopa, qualquer coisa. Nunca se viu Zé da Onça recusar nada que coubesse na sua boca! Pão de boia, queijo ressecado, mariola rançosa, tivesse cara de comida, ele engolia sem cerimônia. Depois do bucho cheio, era só alegria, ele pegava uma vassoura e saía, arrastando os pés descalços e cantando! – O nêro tum, o nêro nêro tum, o nêro nêro tum… Para quem não sabe o que significa, “o nêro tum” , é uma forma onomatopaica do toque da sanfona de oito baixos, acompanhando o baião. Para quem não sabe o que é onomatopaico, é como Zé arremedava o ritmo peneirado da sanfona “pé de bode”. Era também uma forma dele expressar sua gratidão ou, de alguma forma, pagar os seus benfeitores. Uma vez, Tampinha pergunta a Zé da Onça, quando e qual foi a vez em que ele ficou com a barriga mais satisfeita. Ele, sem expressar a menor dúvida respondeu: – Foi numa festa, na casa de Luizin, de seu Odilon, quando eu comi um balaio de manga, duas cestas de sirigüela e seis pratos de “dicumê” com carne. Por Tercio Freitas.