LOCAL ONDE ERA A CASA DE CARDADE
Antigamente na região do Cariri, o costume de usar o “hábito religioso” mesmo não fazendo parte de uma ordem religiosa provavelmente se iniciou com a obra missionária do padre José Maria Pereira Ibiapina (1806-1883). Em meados do século XIX esse sacerdote peregrinou pelo interior dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte desenvolvendo uma vasta e profícua obra de cunho social e religioso. Entre suas obras (hospitais, poços, açudes, igrejas), destacou-se a criação dos primeiros centros educacionais na região, que ficaram conhecidos como Casas de Caridade e que funcionavam como escolas e abrigo para órfãs e jovens moças desamparadas. Fazia parte do projeto de Ibiapina investir principalmente na educação religiosa feminina e mesmo sem autorização canônica ele criou em todas as Casas um regulamento que obedecia aos preceitos das ordens femininas, inclusive autorizando votos de pobreza, obediência e castidade. As mulheres que entravam para esse grupo recebiam um manto preto e o título de beata que acrescentavam sempre à frente de seu primeiro nome.
Nos anos 40, o Iphan enviou o restaurador João José Rescala ao Ceará para realizar um inventário da arquitetura tradicional do estado, sendo Barbalha uma das cidades visitadas. Vejam o relato produzido pelo restaurador referente a Casa de Caridade em Barbalha:
“Casa de Caridade – Barbalha”
Propriedade por herança de Maria de Jesus Ibiapina (beata), residente na mesma.
Diz o vigário da Matriz local que a Beata Maria sofre das faculdades mentais e que a casa de caridade não pertence a ela. Por sua vez a beata acusa o padre de querer se apossar da propriedade que teve por herança pois é a única sobrevivente, e por direito conforme regulamento da extinta irmandade ela é a única proprietária legal. O vigário na minha presença tratou-a com grosseria o que ela respondeu no mesmo tom. A conclusão que tirei é que a louca é que tem razão e isto me foi confirmado por várias pessoas autorizadas para tal.
Construída pelo Frei Ibiapina no ano de 1846. Piso de tijolos, teto de telha –, madeiramento de pau d’arco e aroeira. Ao centro do edifício acha-se a capela cujo altar é composto de um tritico (tríptico) de madeira, possui também o – de madeira, paredes – caiadas de branco.
Grande parte do edifício na fachada posterior ruiu inclusive a sala do refeitório que até pouco tempo existia. A conservação é a pior possível completamente abandonada.
A Casa de Caridade foi derrubada em 1950.
Fonte: IPHAN
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