Ele negou por várias vezes. Mas a narrativa não desapareceu. Nela consta que tudo tem início com a trama de um entregador de comida que foi amaldiçoado pela mãe. E por essa ele tornou-se o um dos mitos mais conhecidos do Ceará.
Trata-se de Vicente Araújo, o conhecido “Vicente Finim.” Morava no Sítio Cabeceiras em Barbalha – Ceará. Mas ainda hoje correm boatos do seu zoomorfismo em todo Estado. Diz à lenda que: certo dia ele foi deixar comida na roça. No meio caminho comeu toda carne do almoço. Quando chegou lá, o pai perguntou: Vicente, que arrumação é essa, cadê a carne só tem ossos? Que de imediato respondeu: Mãe deu para um homem que estava proseando com ela lá em casa.
Dito isto, o pai muito raivoso no mesmo instante foi buscar explicação. E, na briga, matou a esposa. Está, na morte, a Vicente sentencia a maldição que: durante sete anos, sete meses, sete dias e sete minutos ela passaria virando bicho. E assim, conforme a narrativa, tudo se consumou. Segundo a crença diz que: toda terça ou sexta-feira, ela corria pelas ruas, sítios e estradas desertas. Nessas noites ele visitava sete partes da região, sete pátios de igreja, sete vilas e sete encruzilhadas. Por onde passava, açoitava os cachorros e, uivava assustadoramente.
No entanto, antes do sol nascer quando o galo cantava, ele voltava ao mesmo lugar de onde partiu e retomava o seu corpo humano. Ademais, a narrativa diz que quem estivesse no seu caminho nessas noites, deveria rezar três ave-marias para se proteger. Nada mais misterioso!
Nesta oportunidade confesso minha empáfia. Tive a chance de ter visto Vicente Finim, por duas ou três vezes. Em pessoa. Costumava passar férias escolares com meu irmão na casa do meu tio, Sítio Chapada e vinha para Barbalha, passando pelo Sítio Cabeceiras. Isso em meados da década de 1970. Á época lá também se ouvia falar que todas essas estórias ele criava quando estava embriagado e, gostava da resenha.
Portanto, a crença, a lenda, a estória… De Vicente Finim, perpassa o tempo e gerações. Personagem que faleceu em 1985. No mesmo lugar de onde saiu para percorrer as sete freguesias que o tornou um dos mitos mais conhecidos do Ceará.
Por Francisco de Assis Sousa