Centro de Melhoramentos de Barbalha.
Em 1945 foi fundado o Centro de Melhoramentos de Barbalha, entidade beneficente, não governamental, com o ideal de pleitear melhorias para a cidade. Sentindo a necessidade da existência de instituições particulares que cuidassem da educação moral e científica da juventude barbalhense, foram fundados os Colégios Nossa Senhora de Fátima e o Ginásio Santo Antônio. Além do CNSF e CSA faziam parte do Centro de Melhoramentos de Barbalha a Liga barbalhense contra o analfabetismo, antigo prédio da Rádio Cetama o antigo prédio da escola Joaquim Duarte Grangeiro, entre outros.
O Ginásio Santo Antônio, dirigido pelos padres Salvatorianos, educava a juventude do sexo masculino e recebia alunos de várias cidades e estados vizinhos. Com o passar dos anos, o regime de internato nas duas instituições foi extinto, tornando-se, ambas, escolas mistas.
Os Padres Salvatorianos durante várias décadas vieram enriquecer; culturalmente e espiritualmente a nossa Barbalha. Eles trouxeram muita coisa boa, e muito material folclórico. Foi na época deles, que conhecemos as canções populares em francês, os provérbios em latim e fomos iniciados nos valores humanistas da Europa Cristã. Só que no bojo disso tudo, vinha a matéria-prima para Telê, Luís Araujo, Zé Ilânio, Rolinha, Alfredo, Valdir Nascimento, Olegarinho, Felizardo, Betimar, Nego João e tantos outros que se superavam em criatividade, atentarem a paciência dos padres e professores e tornar a lida escolar muito mais divertida. Tinha o padre Timóteo que sofria na mão dessa turma. Padre Lúcio, o que usava um jaleco do Crush, só aguentou um ano. Padre Manfredo, esse teve que entrar na dança e nunca mais esqueceu a cidade. Tinha também o padre Egídio que jogava futsal com os alunos, vestindo um calção longo, com um véu preto a lhe cobrir toda a perna. Em seguida veio o padre Atanásio que, bem mais gordo, usava um véu roxo escuro nas pernas. Teve também Padre Carlos, Padre Paulo e Padre Agostinho. Coitado de quem tinha que se confessar com padre Carlos! Ele chegava a fazer sermão e a dar lições de moral no confessionário. Quem estivesse na igreja ficava sabendo de todos os pecados do contrito. Triste também era o destino daquele que brincasse nas aulas de português do padre Paulo. Ganhava apelidos interessantes, como estroina, deletério, energúmeno e outros nomezinhos simpáticos que não sabíamos o significado, mas desconfiávamos que boa coisa não era. Já o padre Agostinho era o mais discreto, mas, nem por isso mais liberal. Se fazia respeitar na base do cordão e do carão.
O mais curioso nessa história toda, é que nunca ouvi falar de tanta fartura de Padres num só lugar. Geralmente, as pequenas cidades do interior se davam por felizes quando tinham um vigário e um auxiliar. O fato de Barbalha possuir dois colégios, um convento e de ter sediado um congresso eucarístico internacional, era talvez, o que justificava tanto privilégio. Por causa disso, a cidade tinha duas autoridades eclesiásticas: o vigário e o diretor do colégio.
Fonte: Tercio Freitas.
Acervo de Zé Lucio
Fotos da construção do antigo Colégio Santo Antonio, hoje Faculdade de Medicina.
Construção da piscina do Colégio Santo Antonio.