…….Nosso “Sábado Feira”……Antigamente….
‘’Feira” vem de feria, que, em latim, significa “dia de descanso”. O termo passou a ser empregado no ano 563, após um concílio da Igreja Católica na cidade portuguesa de Braga – daí a explicação para a presença do termo somente na língua portuguesa.
Podia não ser uma feira de Caruaru, mas dava gosto ver a feira de Barbalha. Não era a maior da Região do Cariri, mas era uma das melhores.
A de Juazeiro, só tinha tamanho, a do Crato, só era mais antiga.
A Feira tomava todo o centro da cidade, a praça, a Rua do Vidéo, descia para Neroly Filgueiras até atravessar a Rua do Fogo. Parte da Rua Totonho Filgueiras e da rua da encarnação, eram tomadas pelas bancas pequenas, avulsas. No mercado velho, ela nascia na feira dos pequis e se estendia pela avenida Cel. João Coelho até a esquina da casa de Doutor Leão, onde era a feira das galinhas e dos animais vivos, também conhecida como feira dos “bacurinhos”. A carne era preparada de madrugada. De longe dava para ouvir os facões e os machados de Deó, Raimundo Francelino, Muga e Zé David, a chibatar nos cepos, cortando costelas, quebrando corredores e separando “fussuras”de bode. Tudo deveria estar pronto logo cedo. As bancas faziam um laço na praça, e dali se espalhavam em fila dupla pelas ruas e calçadas do Vidéo. Na esquina da Casa Torres, a banca de quebra queixo e doces de corte, de leite, buriti, coco e “mudubim”. Ao lado, matutas bonitas, se acotovelavam na banca de João do Óleo, provavam as essências, compravam caixinhas de pó de arroz Royal Briar, gotas de óleo cheiroso. Os homens, brilhantina em bisnaga de papel, mercados de óleo Glostora. Perto dali a concorrência: óleos, cheiros e vaselinas baratas, inferiores, é claro, a granel. A feira dos candeeiros parecia uma visão futurística de foguete e discos voadores. Diversos modelos, todos os tamanhos. “Pifós” sem “azeia” e lamparinas de parede, com manga de garrafa cortada. Geometria perfeita, das mãos hábeis de Raimundo Vigário. Cordas de coroá e de agave se espalhavam no meio das bancas. Vendidas por unidade ou por metro, eram de uso indispensável na vida do caboclo nordestino para armar a rede, amarrar cabrito e montaria, laçar boi na caatinga. Os brinquedos ficavam junto da feira dos passarinhos. Dois fregueses numa cajadada só. Baladeira e brinquedo no mesmo Canto. Lourival, de João Paz, fazia a melhor baladeira do mundo. Fazia, também, visgos, alçapões e gaiolas. Não se tinha a menor noção do que seria consciência ecológica. Passarinho era só passarinho. Ainda bem que havia outros brinquedos alternativos, que não agrediam o meio ambiente. Carrapetas de angico, cavalinhos de barro, bruxas de pano e os “reu-reu”, brinquedo exclusivo dos meninos do interior, feito de barro, barbante e breu, que imitava um besouro mangangá. As “bilas” de vidro e as calungas de matéria plástica eram os campeões de venda. Vinham de longe, de marcas conhecidas, fazer a alegria da criançada do lugar. Logo adiante, as bancas das mezinhas e temperos, a maioria espalhados no chão, aos molhos, pintadas e mercados medidos em caixas de fósforo ou copo americano. Tinham alecrim, canela, cravo, gengibre e “nanuscada” nome dado a noz-moscada. Raízes de caninana e mulungu, cascas de imburana e quebra-faca. Podia se escolher entre colorau e o urucum, pimenta sem cominho ou pimenta “cumcumim”. No chão, espalhados em esteiras de palha as miudezas: pentes Flamengo, espelhinhos de bolso, com o emblema de time ou figurinhas de mulher só de maiô, vendidos aos menores, “na moita”. Canivetes de Flandres, com banda de gilete, botões de osso e madrepérola. Tiaras eram chamadas de “gigolé” e os zippers, de ri-ri. Miçangas, continhas e prendedores, eram a festa das meninas. No chão forrado se vendia anil, enxofre e alvaiade, junto com o querosene e bolas de sabão preto, feito de sebo, tingui e potassa. Pouco ou quase nenhum cuidado em misturar essas mercadorias. Também no chão, as espingardas de espoleta pica-pau, lazarinas ou comuns. Garruchas, polvarinhos de chifre, chumbeiros bordados, trabalhados. Trinchetes, peixeiras, punhais e Zé-pereiras, iguais à de Lampião, diziam. Em frente as barbearias, ficava a feira dos cereais. Arroz e feijão a granel, vendidos por litro e não por quilo. Vassouras e chapéus de palha, esteiras, urupembas e cestas trançadas criavam, inexplicavelmente, um clima de festa. Tinha Targino nas fotos, e do lado os lambe-lambes. Cordas e mais cordas de fumo de rolo. Cigarros de fumo pé duro, bico fechado, eram vendidos em maços ou picado, junto com os de bico aberto…BB, Globo, Kennel Club, Columbia, Hollywood e Continental, sem filtro, ainda. Na feira das comidas, as mulheres vendiam tudo quanto é gororoba. Pirão de corredor, buchada e sarapatel. Dona Pedrinha vendia farofa de orelha de porco.
Quando a feira mudou para a Rua Princesa Isabel nos anos 80.
…….Nosso “Sábado Feira”……Atualmente….
OBS: Procurei manter fielmente o texto dos autores, mas algumas alterações foram feitas.
Fonte: https://www.facebook.com/jose.sampaio.942/ https://www.facebook.com/barbalhaterradesantoantonio1
Publicado por: Antonio Reginaldo Landim
www.barbalhaesquecida.home.blog