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A história do Dr. Antônio Correia Saraiva.
A história do Dr. Antônio Correia Saraiva é conhecida por poucos, mas que desperta o orgulho daqueles que amam essa terra e admiram os grandes exemplos produzidos aqui. É a história daquele que, por ser de origem humilde, poderia ser mais um “Antônio”. Mas que graças à educação exemplar oferecida por seus pais, sobretudo pela sua mãe – que o lançou desafios, fez com que esse cidadão reconhecido e homenageado em várias ocasiões, saísse do pacato sítio Bulandeira para provar das excelências do ensino superior na antiga Alemanha ocidental. Tudo isso sempre às custas de muito suor e superação.

Nascido em 09 de dezembro de 1944, é o primogênito da família do agricultor Vicente Batista Saraiva, homem simples, obstinado para trabalho e de um vigor físico e saúde invejáveis; e da saudosa Otília Furtado Correia Saraiva – dona de casa, mulher de fibra, grande defensora dos princípios morais e éticos, sendo referência não só para o Dr. Antônio e seus irmãos, mas também para os demais familiares e toda a sociedade que teve o prazer de conhecê-la. E que por ser muito religiosa e devota fervorosa do padroeiro de Barbalha, deu ao seu primeiro filho o nome de Antônio: Antônio Correia Saraiva.

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Escola Martiniano de Alencar.
Em 1951, Antônio Correia Iniciou sua vida estudantil no tradicional Colégio Senador Martiniano de Alencar onde permaneceu até a antiga 4ª série do primário (hoje 4º ano do ensino fundamental 1). E foi a partir do início da sua vida escolar que sua mãe, a Dona Otília, lhe revelou o seu sonho pessoal como uma missão para o pequeno Antônio: que tanto ele como os seus irmãos estudassem e se tornassem médicos; e que um dia, já formados, construíssem um hospital em Barbalha e que a esse hospital dessem o nome de Santo Antônio, o padroeiro que ela tanto reverenciava.
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Colégio Santo Antonio.
Em 1955, já incentivado e embalado por esse sonho de sua mãe, Antônio Correia Saraiva transferiu-se para outro colégio tradicionalíssimo em nosso município, grande formador de cidadãos ilustres e grandes personalidades. Falo do Colégio Santo Antônio, onde obteve os valiosos ensinamentos de vários mestres como os saudosos e inesquecíveis, Padre Paulo de Sá Gurgel e o Padre Augustinho Mascarenhas. E por lá ficou da 5ª à 8ª série do antigo ginásio.
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Dr. Antônio Correia e seus irmãos Dr. João Correia e Dr. José Correia.
Mesmo com toda a dificuldade financeira da época o senhor Vicente Saraiva e a Dona Otília trabalharam duro e incansavelmente na pequena, porém, produtiva propriedade que lhes pertenciam, para proporcionar a instrução tão desejada aos seus filhos. E a Dona Otília se esforçava de uma forma toda especial, para que o seu sonho pudesse se tornar realidade. Tanto que chegaram ao ponto de hipotecar a propriedade, que era a única fonte de renda de toda a família e onde habitavam, para financiar os estudos do jovem Antônio e dos irmãos João e José, que já seguiam os passos dados pelo irmão mais velho, no sentido de também se formarem em medicina e realizar o sonho da mãe Otília, a “mamãezinha” como eles carinhosamente sempre a chamavam.

Na busca por esse sonho, em 1960, Antônio Correia segue para o município de Areias, no vizinho estado da Paraíba, onde na Escola de Agronomia do Nordeste cursou o 1º e o 2º anos do ensino médio, antigo científico.

Cada vez mais próximo do seu objetivo de ingressar na tão sonhada faculdade de medicina, Antônio Correia resolve ir para o lugar onde isso poderia ser tornar realidade: Recife, a capital pernambucana. Lá cursou o último ano do antigo científico, no Colégio Carneiro Leão, e se preparou para o tão sonhado vestibular de medicina.

O desejo de ser médico era de tal proporção que o jovem Antônio Correia queria garantir que naquele mesmo ano de 1965, entraria para faculdade de medicina.  E, de uma só vez, inscreveu-se nos vestibulares das Faculdades de medicina, da Universidade Federal do Pernambuco e da Faculdade de Ciências Médicas do mesmo Estado. E para a alegria e satisfação de todos, foi aprovado nos dois vestibulares. Optando por ingressar na Universidade Federal.

Em Recife, já como estudante de medicina, enquanto em um dos turnos dedicava-se aos estudos para realizar o sonho da mãe, no outro turno o jovem Antônio Correia dava aulas de física e química no Colégio Salesiano de Recife. E quando sobrava algum tempo ainda dava aulas particulares para aqueles que também queria ingressar nas faculdades. Tudo isso para manter-se financeiramente.

Em 1968 o jovem acadêmico de medicina comemorou outra grande vitória da família do senhor Vicente Saraiva e da dona Otília Correia. Seus dois irmãos, João e José Correia Saraiva, foram aprovados no vestibular de medicina da Faculdade de Ciências Médicas, também de Recife – PE. E a saudade de casa foi amenizada com a chegada dos seus dois irmãos para moraram juntos, mesmo que em um mesmo quarto de pensão. Era a pensão da “Dona Conceição”, na rua da Soledade, 389, no bairro Boa Vista da capital pernambucana. E assim como esse endereço, ficou também na memória cada ensinamento de cada dia, mês e ano que se passava até finalmente, chegar à concretização de um sonho.

E, em 1970 aquele jovem de origem simples e humilde, porém determinado e estimulado pelo desafio de realizar o sonho de sua mãe – e que mais tarde passou a ser um sonho pessoal, consegue o desejado diploma de formatura em medicina. Era a vitória da superação sobre a descrença, sobre todas as adversidades, principalmente, a financeira.

Já formado mais ainda cheio de desejo pelo conhecimento, o Dr. Antônio Correia planejava realizar, logo na sequência, a residência médica. No entanto, o altíssimo custo do curso e a falta de condições financeiras o impossibilitaram de dar prosseguimento a este desejo. Mas era hora de ir à luta, colher os primeiros frutos dessa conquista. Atender os primeiros pacientes como médico formado e fazer valer toda essa luta.

Foi então que surgiu a possibilidade do Dr. Antônio Correia exercer a sua profissão no município paranaense de Terra Roxa, onde por lá permaneceu durante seis meses e, no mesmo ano, retornou para o Ceará a convite do saudoso Dr. Teles (que tinha muita influência e era uma espécie de articulador do governo do Estado na época), para exercer a profissão no município cearense de Ibiapina, ao norte do Estado. E lá foram seis inesquecíveis e históricos anos.

Como resultado desse período na cidade de Ibiapina o Dr. Antônio conseguiu de uma só vez, pagar a dívida da simples e humilde propriedade dos seus pais – hipotecada para custear o seus estudos e o dos seus irmãos, como de quebra, pelas inúmeras amizades cultivadas ao longo desse período e pela conjuntura política da época que convergia para o seu nome, foi convocado a filiar-se no antigo partido ARENA, e como candidato único foi eleito prefeito de Ibiapina, em 1976.

No entanto o desejo pelo conhecimento mais profundo da medicina e a certeza de que os sonhos de sua mãe ainda não haviam sido totalmente realizados – embora na mesma época tanto ele como seus irmãos já tivessem se tornado médicos, faltava ainda o último sonho da “mamãezinha”: o de construir um hospital em Barbalha, cujo nome deveria ser Santo Antônio.

Os sonhos falaram mais alto e o Dr. Antônio não hesitou. Em 1977, exatamente 55 dias após a sua posse no cargo de prefeito, licenciou-se por dois anos, transmitiu o cargo para o seu vice e foi, finalmente, realizar sua especialização em alergologia, na antiga Berlim Ocidental – Alemanha, beneficiado por uma bolsa de estudos de intercambio.

Em 1979, após concluir sua tão deseja especialização, voltou para o Brasil. Renunciou ao cargo de prefeito de Ibiapina e retornou à sua cidade natal para trabalhar no Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo, como cirurgião geral (especialidade exercida antes de ir para a Alemanha). No mesmo ano abriu o seu consultório particular na rua do Vidéo, onde pôde enfim exercer a sua especialidade, alergologista.

Enquanto seu nome e o seu grau de resolutividade se propagavam por toda a região do Cariri, o Dr. Antônio deu início aos planos para a construção do Hospital Santo Antônio. O que não demorou muito.

E exatamente no dia 27 de dezembro de 1981 – a trinta e três anos atrás, em missa concelebrada pelo bispo diocesano Dom Vicente de Araujo Matos; o Pároco Padre Eusébio de Oliveira Lima; o Padre Augustinho Mascarenhas; com a participação do coral de Barbalha; com as presenças históricas do então governador do Estado do Ceará, Adauto Bezerra; do então prefeito de Barbalha, Antônio Inaldo de Sá Barreto, e o seu então vice-prefeito João Teixeira de Luna e diversas outras autoridades e personalidades da época, e certamente com a presença mais significativa para aquele momento. O da autora dos sonhos que se tornaram realidade. A Dona Otília Correia Saraiva, que acompanhada do senhor Vicente Saraiva comemorou, rezou, cantou e chorou por contemplar à sua frente a inauguração do Hospital e Maternidade Santo Antônio, de Barbalha. Era a realização total dos seus sonhos que foi sonhado e realizado também pelos filhos.

O Hospital Santo Antônio foi construído graças à parceira dos irmãos e doutores Antônio, João e José Correia Saraiva, com outro grande sonhador e empreendedor (e primo dos irmãos Correia), o saudoso Tenente Coelho, proprietário da antiga construtora EMPEC, hoje construtora CRC.

E até hoje graças à força do trabalho e espírito empreendedor do Dr. Antônio Correia Saraiva e dos seus irmãos João e José Correia, o Hospital e Maternidade Santo Antônio vem fazendo história na medicina de Barbalha, do interior do Estado do Ceará e do Nordeste brasileiro, sempre inovando e com a marca registrada do pioneirismo em diversos serviços:

  • Foi o hospital que construiu a primeira UTI da Barbalha;
  • O hospital com o primeiro serviço de neurocirurgia da região do Cariri (através do Neurocirurgião cubano Dr. Humberto Hermano Dzayas, de Havana – Cuba);
  • O primeiro serviço de hemodinâmica do Cariri.
  • E ainda disponibiliza serviços que são referências em todo o Cariri, como:
  • Centro de Diagnóstico por Imagem – CEDIMAGEM
  • Centro de Hemodiálise – CLINIRIM
  • Ressonância Nuclear Magnética
  • Sem esquecer o Hospital do Coração do Cariri (Único do Cariri com Cirurgias e tratamento de doenças cardíacas, dispondo de UTI Coronareana).

Entre essas e outras realizações e empreendimentos do Dr. Antônio Correia Saraiva está um dos maiores empreendimentos turísticos e de lazer já construídos em toda a região do Cariri.  Inaugurado em 21 de abril de 2002, o Arajara Park se constitui em um dos mais belos e prazerosos encontros do homem com o que há de mais rico em natureza, em todo o interior do Estado. O que também orgulha e envaidece o povo de Barbalha.

Era casado com a pedagoga Fabíola Sampaio Saraiva e pai de quatro filhos: A Carizia (Médica Radiologista); a Caroline (Administradora de Empresas); Dr. Guilherme (Médico Nuclear); e a caçula Gisele (medicina recém formada).

Em 2012, concorreu as eleições proporcionais no município de Barbalha. Sendo eleito vereador com uma das maiores votações para o cargo, de toda história política do município, com 1786 votos.

Será lembrado por sua generosidade, simplicidade e espírito público. Por ser um amante da natureza. Sensível e correto. Por ser o parceiro fiel e amigo. Por ser um trabalhador incansável e por lutar sempre pelo que acha justo e verdadeiro. E por toda a sua trajetória de superação e sucesso.

Dr. Antonio Correia Saraiva faleceu no dia 14 de janeiro de 2015 aos 70 anos de idade.

Por Egberto Santos

Gerente Administrativo, Projetos e Marketing do Complexo Hospitalar – Hospital Santo Antônio e Hospital do Coração do Cariri.

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