Filarmônica São José
MEMBROS ATUAIS – 2020.
Filarmônica São José.
HISTÓRICO.
A filarmônica São José, do Círculo Operário de Barbalha( fundado em 19/03/1932 – Seu primeiro nome foi União Artística de Barbalha), fundada em 1948, resultou dos esforços e experiência do seu presidente, José Duarte de Sá Barreto, que em anos anteriores, havia presidido a Banda da Liga Barbalhense Contra o Analfabetismo. A manutenção da banda se fazia com recursos decorrentes dos seus contratos em festas religiosas, solenidades cívicas e das subvenções destinadas ao Círculo. Contudo, seu caixa não apresentava o saldo necessário ao pagamento das despesas contraídas, principalmente em relação ao pagamento salarial dos regentes. Era comum, músicos e regentes recorreriam à direção do Círculo para prover o pagamento dos seus salários em atraso. Em reunião de 27 de junho de 1948, o regente, José Ferreira de Noca, conhecido como Zé de Noca, reclamava um débito relativo à sua participação na festa de Santo Antônio, do padroeiro da Cidade.
Esta transcrição revela que a banda era composta de trabalhadores, tais como, barbeiros, pedreiros, sapateiros, alfaiates e outras, que compatibilizavam seus horários de trabalho com a música. Tratando-se de um município do interior, de educação precária e distante dos grandes centros culturais, onde existia escola de música, é importante ressaltar a vocação artística desses trabalhadores revelada em sua capacidade de leitura de partituras e o domínio dos instrumentos musicais.
O seu primeiro regente, José de Noca, exercia a profissão de barbeiro, era sócio Círculo Operário e militava politicamente no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Além de participar da banda, compunha com outros músicos, um conjunto musical que era contratado para tocar festas locais e regionais. José Duarte de Sá Barreto, presidente do Círculo, exaltava os méritos desse regente, no entanto, reconhecia as limitações da entidade para satisfazer suas exigências salariais.
Em 27 de junho, o Círculo, através do seu presidente, apresentava aos músicos uma proposta salarial. Consistia na reivindicação da dedicação exclusiva do regente à banda e o pagamento de Cr$ 1.000,00 “como prêmio por seus esforços para o progresso da filarmônica”. Exigia ainda dele, “desfazer-se do Jaz”, orquestra particular, que sob sua direção, animava bailes na cidade e na região, e a sua participação na entidade na condição de sócio, como ocorria com outros músicos.
No ano da sua criação, a banda trocava de regente pela primeira vez, assumido o Sr. Antonio Carvalhedo, que aceitava a proposta de salarial rejeitada por seu antecessor.
Contudo, pela maior identificação e representatividade no cenário artístico musical, José de Noca voltou a assumir o cargo de maestro na década de 1950, tendo como sucessores: Antonio Américo de Freitas, Ciro Callou, Major Anísio, Raimundo Gilvan Duarte, Antônio de Pádua Fernandes, Antonio Silva e Francisco Josimar Melo. Os regentes coordenavam os ensaios, se responsabilizavam pelos instrumentos, e, autorizados pelo Circulo, mediavam os contratos da banda. Agiam no sentido de satisfazer as necessidades básicas da filarmônica, tais como, fardamento, consertos e compra de novos instrumentos. José de Noca na condição de regente e professor em 1955.
As fábricas de instrumentos musicais enviavam catálogos com modelos e preços de instrumentos, que eram e submetidas à apreciação dos filiados em reuniões, cuja compra, somente se realizava com a permissão dos filiados e justificada a sua necessidade. Os problemas da banda eram comunicados aos associados, que coletivamente, opinavam e contribuíam para as suas soluções. O Círculo interagia com instituições com pessoas ligadas a música, como o Sr. Antônio Souza Gentil, barbalhense, radicado no Rio de Janeiro, que em 1956, oferecia à entidade um exemplar de “A Lira”. Literatura musical, de sua autoria, para divulgação junto ao Círculo Operário.
O Círculo via na banda e orquestra, como uma forma de promoção institucional e econômico da entidade, a partir da arte e da cultura, capaz de gerar recursos, através da sua contratação para eventos cívicos, religiosos e carnavalescos. Neste sentido, a direção do Círculo se esforça para manter José de Noca, na regência, por suas qualidades profissionais, que, não obstante às propostas oferecidas, exigia sempre melhores condições salariais e de trabalho. Apesar das dificuldades de se estabelecer economicamente, com o tempo, a filarmônica circulista ganhou projeção e estabilidade no campo musical, com a implantação de sua Escola de Música, que tinha como alunos, preferencialmente, os circulistas e seus os filhos, que já eram contemplados com o ensino primário. Os músicos, na condição de sócios do Círculo, tinham a sua anuidade de sócios dispensada em contrapartida por suas tocatas gratuitas nas festividades da entidade.
Do ponto de vista econômico, a banda fechava a década de 1940 com déficit, apesar disto, prosseguia com suas atividades, interagindo com outras bandas e participando, através de contratos, das festas de padroeiros, sobretudo a de Santo Antônio do Município, como forma de melhorar a sua arrecadação. O seu presidente tinha a expectativa de saldar seus débitos até as comemorações do aniversário do Círculo, em 19 de março de 1950. Em 1949, a instituição destinou os lucros dos seus títulos de capitalização, decorrentes dos 15 anos de contribuição à empresa de seguros, SUL-AMÉRICA, para amortizar o déficit da filarmônica. Da mesma forma, o dinheiro reembolsado ao Círculo decorrente do pagamento das passagens, dispensado pela Rede Viação Cearense (RVC), por ocasião de uma das viagens dos circulistas para Fortaleza nas comemorações do 1° de maio, e os recursos da Federação foram empreendidos na Banda de Música.
A falta de profissionalização como músicos fazia seus componentes priorizarem outras atividades para garantir a sua subsistência. A precariedade nos investimentos salariais era um dos fatores responsáveis pela instabilidade profissional dos vários maestros que assumiram a filarmônica. A pesar das deficiências, a Filarmônica São José despertou entre os jovens da cidade o gosto pelo estudo de música, cujas aulas, tinham como professores, os trabalhadores que dela já faziam parte. Além da Escola de Música, os integrantes mais experientes, conjugavam as suas atividades profissionais de barbeiro, pedreiros, sapateiros e outros, com o ensino de leitura de partituras, muitas vezes, no seu próprio espaço de trabalho, tais como alfaiatarias e barbearias. A formação musical das novas gerações garantiu a existência da banda no decorrer do tempo, até os dias atuais, motivando jovens que integraram seus quadros a optarem profissionalmente pelo o curso superior de música.
Vários barbalhenses estiveram na direção do Círculo Operário São José, ressaltando, que o presidente com maior número de mandatos é Augustinho José dos Santos.
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/3197/1/2009_Tese_JFSilva.pdf
FILARMÔNICA SÃO JOSÉ (2020)
A Banda de Música Filarmônica São José pertence ao Círculo Operário São José de Barbalha. Hoje dia 12 de junho de 2020 completa 72 anos de sua fundação (1948). É composta por 30 músicos, entre eles jovens, crianças, adultos, pai, filho e irmãos. Tem uma comissão de três pessoas que se empenham e não medem esforços para manter viva esta tradição. Adriana Veloso, Valmir Rodrigues (carregador do pau da bandeira e neto do ex-músico já falecido Alcides) e o Maestro Igor Martins (aluno do curso de Música da Universidade Federal do Cariri), são membros do conselho fiscal. O Círculo Operário tem como presidente(a) a Sra. Isaucy Lopes e o Sr. Augustinho José dos Santos como presidente de honra.